Como roteirista sempre tive uma certa dificuldade, ou até mesmo um bloqueio ao tentar escrever de uma forma envolvente cenas de ação ou de combate. A grande dificuldade na escrita de tais cenas é conseguir transmitir ao leitor a sensação de fazer parte da cena, detalhando as reações dos dois oponentes a cada novo golpe, descrever tais golpes e isso num ritmo um pouco mais acelerado que de uma cena comum e fazer com que tudo isso ainda soe esteticamente bonito. Pensando nessa dificuldade que percebo em mim e em muitos outros com quem já conversei a respeito, fiz uma compilação de dicas espalhadas pela rede mágica da internet, e aqui lhes apresento essa compilação:
Round I: Are You Ready?
Por mera observação, podemos dizer que cada escritor parece ter uma facilidade natural para determinados tipos de cenas. Alguns são ótimos para cenas românticas, outros desenvolvem muito bem momentos de drama, sofrimento, desespero. Existem escritores que fazem os leitores terem infartos de tanto rir, outros que fazem o leitor se sentir na pele do personagem debatendo dilemas e convicções morais. A tendência é cada pessoa escrever mais sobre aquilo que tem maior facilidade de escrever, ocasionalmente arriscando coisas diferentes a título de curiosidade/aprimoramento/desenvolvimento/desafio/estímulo.
Mas... e quando não temos essa opção?
Volta e meia nos vemos em uma situação que teremos que fazer algo com o qual não estejamos acostumador ou - pior ainda - saibamos que não somos muito bons mas, mesmo assim, teremos que colocar a mão na massa. Por mais que algumas pessoas pareçam realmente talentosas e versáteis, todos temos nosso ponto fraco, aquele tipo de cena com o qual não conseguimos trabalhar, o clima que não conseguimos desenvolver muito bem, o momento que fica perdido no meio do caminho. Isso acontece com todos os estilos, aqui vamos enfocar as cenas de ação.
Ou melhor dizendo, a pancadaria(e a ausência dela). Sim, uma cena de pancadaria pode não conter um soco sequer, e vice-versa. Assim como alguns gêneros, apesar de muitos acharem que determinadas situações estão implicitas, podem não o ter.
Exemplo básico: Um texto sobre fantasia medieval, uma aventura básica. Muitos associam Aventura à Ação - muitos por influência dos filmes/livros épicos - mas uma aventura não necessáriamente precisa ter uma cena descritiva de ação. A Trilogia de "O Senhor dos Anéis" poderia ter sido escrita totalmente sem descrever os combates, apenas informando as partes principais, tais como as forças adversárias e o resultado final. Na verdade, muitos dos escritores de aventuras não perdem muito tempo descrevendo detalhadamente os combates, isso é fruto do cinema e da TV - acham mesmo que Tolkien descreveu METADE das peripécies de Aragorn e Légolas? - deixando as lutas principais para o caso de necessidade.
Mas o caso é diferente... VOCÊ precisa escrever uma cena de luta, simplesmente chegou a um ponto em que, para o desenrolar do seu texto - o que você planejou - dois - ou mais - personagens terão que se engalfinhar. O motivo, diferente do que alguns pensam, não é relevante, pelo contrário, torna a cena bem mais interessante. Mas independente dele, você agora tem um problemão em suas mãos: deixar a coisa tão interessante quanto qualquer outro texto, fazer com que a cena seja mais do que uma sequência de repetições no melhor estilo "eu te acertei... não, você errou... não, eu acertei... não, você errou", parecendo um "bang-bang" com punhos e chutes.
Round II: Pancadaria Gratuita
O título é auto-explicativo: cenas de luta que acontecem sem um motivo aparente - bom o suficiente - para acontecerem, praticamente ocorrendo mais para gosto do autor do que devido a sua importância para a trama.
O título serve para enfocar algo muito importante: a motivação da luta. Não, não estamos falando no sentido do drama - e ao mesmo tempo, sim - mas o motivo pelo qual os personagens lutarão/estão lutando.
Precisa haver um motivo, nem que seja um "você é um obstáculo que eu preciso transpassar", já está de bom tamanho. Note que isso é válido para cenas de luta que recebem um enfoque maior do que outras. Em lutas importantes, você precisa de um motivo mais além.
E por que é tão importante assim um motivo? Por que a motivação da luta está intimamente ligada a motivação do personagem. E a motivação do personagem para lutar - ou não lutar - influência diretamente em um dos fatores que as pessoas mais esperam de uma cena de luta: credibilidade, torná-la convincente.
Tem coisa pior do que a sensação de estar passando para as linhas a narração de um "Street Fighter" da vida e nada mais, como se cada personagem fosse meramente isso, um personagem de videogame sem capacidade de agir, reagir, pensar, questionar e se adaptar? Deprimente isso, não acha? É importante dar um pouco de atenção aos motivos dos envolvidos, por mais simples que sejam. Pode ser uma luta pela vida, um inimigo que precisa ser vencido ou meramente um "mano-a-mano" para ocupar o tempo ocioso, o que importa é o que faz o personagem estar ali, lutando.
Muitos costumam fazer o personagem ser meramente uma máquina de lutar, que sente prazer pela lutar e nada mais. Não é exatamente um erro essa filosofia, afinal, no contexto do personagem, isso pode ser perfeitamente admissível, o problema é quando se torna um clichê. Lembre-se de que esta é apenas uma - dentre possivelmente outras - cena de luta que você irá descrever, e não um daqueles filmes chineses da Sessão Kickboxer em que toda hora alguém parava no meio da rua para dizer "o seu kung-fu é fraco" e começavam a lutar.
Round III: Fight!
Ok, já enfocamos a questão de termos que encaixar uma luta sem sabermos como, já fizemos observações para não tornar o personagem do texto mais um "esquadrão-da-morte-de-um-homem-só-que-luta-e-vai-comer-bolinhos". Agora vamos enfocar uma das partes mais importantes deste artigo: porrada!
Essa é uma parte longa, então vamos dividi-la para melhor acompanhamento.
Parte I: Drama
Um ponto das cenas de luta é que elas podem ocorrer sem necessariamente ter acontecido. Uma batalha épica pode se desenrolar sem que você precise descrever os personagens erguendo um dedo sequer. Se você não é muito fã de ficar descrevendo movimentos de corpos, frases inflamadas e gritos impactantes, é um ótimo recurso. A luta começa antes de começar e termina antes do fim. Geralmente é um recurso utilizado muito em lutas "pessoais", de tremendo significado para os envolvidos, no qual um bem ordenado jogo de palavras combinado com um enfoque nos sentimentos dos lutadores define o resultado da luta.
No fim, um simples "Parou diante daquele que não poderia mais evitar" terminado com um "e como em um abrir e piscar de olhos, estava tudo terminado" pode conter muito mais significado do que uma seqüência e socos e chutes hollywoodyanos. E acabar sendo bem mais empolgante! Para quem precisa de uma cena de confronto que está lá apenas “para constar”, é perfeito.
No entanto, é um recurso ainda melhor aproveitado quando combinado com outros.
Parte II - Uma Palavra vale mais do que mil ações
Muitos querem colocar uma cena de luta, mas não tem a melhor idéia de como iniciá-la, pior ainda, como desenvolve-la. Fica aqui a dica: mais palavras, menos ações. Lembre-se: você só tem as palavras para colocar o leitor no clima e fazê-lo imaginar a cena, sentir o clímax do duelo. Ainda estamos na parte em que os diálogos dos personagens são a maior influência nas lutas. Um grande momento de drama, reflexão, descrição dos sentimentos e pensamentos de ambos, seguido de uma breve descrição do movimento executado e pronto, você tem uma ótima cena. E nem precisou esquentar a cabeça com o clássico "céus, eu não sei fazer isso @___@"!!!
Quer um exemplo? Segue abaixo:
"Era uma defesa perfeita, disso ele sabia. O aço europeu com a combinação de armadura japonesa, a melhor defesa já feita até o presente momento. Não fora preparado para tal coisa, sua espada foi criada para corta carne, ossos e, em algumas ocasiões, metais. Mas nada o prepararia para tal coisa, ninguém preveria isso.
Irônico ele lembrar de algumas palavras esquecidas, memórias relapsas de um tempo passado, oriundas de um período de tempo que ele parecia ter se esquecido. Mais irônicas ainda o significado delas.
"Existem homens que podem cortar tudo e, ao mesmo tempo, não cortar nada". Essas eram as palavras, quando perguntou a seu velho mestre acerca de homens capazes de cortar até mesmo aço.
Tolice, como alguém poderia cortar aço maciço?
Só se...
Ele observa o oponente vindo em sua direção. Seria ferido de qualquer forma, seja pelo choque, seja pelo corte ou a perfuração. Se quisesse acreditar em um futuro para si, teria que apostar todas as suas fichas em uma possibilidade, um conhecimento que em tempos passados não fora capaz de compreender, e agora apressadamente teria que desvendar.
Só esperava estar certo.
Sua espada perde o elemento surpresa após sua mão tocar em seu cabo e o começo de sua lâmina ser puxada em direção ao adversário. Outrora aprendera que uma espada era viva e, mais do que isso, escolhia seu próprio dono. Ensinamentos que no principio não significavam nada, mas agora, diziam tudo. Como a verdade de que uma espada experiente só deveria ser capaz de cortar o que seu portador quisesse e, mais do que isso, ser capaz de cortar tudo aquilo que quisesse.
Como? Não era algo para ser calculado, mas entendido. Como uma sincronia entre dois seres vivos, no qual a vontade de um é a vontade de outro, quando a vontade do dono é a vontade da espada, transportada para a mesma e representada por ela. A capacidade de cortar a rocha mais maciça e ao mesmo tempo não fazer nenhum mal a mais frágil das folhas.
Mas... como adquirir tal capacidade? Seria capaz de confiar completamente em sua vontade e em sua espada, unindo-as de forma a atingir sues objetivos? Não era hora para dúvidas e incredulidades, mas sim de acreditar... tornar a espada uma verdadeira extensão de seu desejo e de sua vontade para superar todos os obstáculos e dividir oceanos em seu caminho, se assim preciso.
Como se uma eternidade tivesse se passado, ele vai lentamente embainhando sua espada novamente, sentindo a precisão e graciosidade do movimento, enquanto a armadura - junto com o corpo que habitava dentro dela - se divide ao meio, jorrando uma grande quantidade de sangue no chão em um corte preciso e perfeito.
Em seu intimo, ele agradecia, pois agora sabia que era capaz de ir mais além”
Simples, não? Um mero desembainhar e embainhar de espada, enfocando todo o drama interior do personagem e o que ele pensa. A cena acima é uma dramatização escrita de uma cena totalmente desenhada de uma luta do espadachim de um mangá de piratas - quem acompanha saberá de cara quem é - mas sem a vantagem das imagens, deixando a cargo da imaginação do leitor todo o trabalho.
Certo, vamos admitir que um "ele sacou a espada e, com toda a sua determinação, lembrando dos ensinamentos de seu velho mestre, abriu seu caminho através do corte feito na armadura" é mais direto e curto, mas existem casos e casos. E alguns casos PEDEM uma cena mais longa, ainda mais quando é algo que os leitores estão esperando e não queremos deixar a sensação de decepção no ar.
Algumas pessoas dizem que o escritor que usa 10 linhas para dizer algo que poderia ser feito em 2, está com sérios problemas, mas existem casos e casos. O ponto a seguir abrange isto.
Parte III: Sentimento
Essa parte lembra bastante o assunto abordado no "Round I" mas vamos dar um enfoque mais direto e curto. Não vamos falar da motivação do personagem, o que o faz lutar, o que o coloca na luta, mas sim todo o conteúdo, desde o primeiro olhar de pura determinação até o último suspiro acompanhado do fim do combate.
Muitos dizem que filmes de artes-marciais são piegas, com personagens vazios que não passam de muralhas humanas prontas para quebrar o ar com seus golpes. Isso pode funcionar muito bem quando você faz um vilão porradeiro - mas nem sempre - mas pode ir totalmente em contradição com a história do personagem.
Até mesmo aquele personagem que é um brigão assumido tem sentimento. Vamos assumir que quando falamos em "sentimento" aqui, nos referimos ao que o personagem sente, a maré de tempestades a qual seu espírito está sujeito, para melhor e para pior. Medo, dor, angústia, sofrimento... se na vida real fazemos uma coisa pensando em diversas coisas paralelamente - ex: dirigir o carro pensando na conta de luz, na fila enorme do mercado do dia seguinte e nas crianças que teria que buscar na escola - em lutas não é diferente. E o corpo do personagem, por conseqüência, reage de acordo com seus estímulos.
No fim, não importa se o personagem é calmo, brincalhão, desastrado... quando entra em uma luta, ele é uma pessoa altamente emotiva. Temos exemplos que dizem o contrário, de lutadores frios/lógicos, que cumprem seus objetivos sem se deixar influenciar, mas lembrem-se de que a ausência de emoções/sentimentos também é um ponto a ser observado, influência marcante. Veja o caso de Sesshoumaru, quantas vezes você já viu ele lutando contra o Inu-Yasha sem dar um único sorriso, tampouco fazer uma expressão de raiva? Ou então Marik(de Yu-gi-Oh) que é a crueldade encarnada(ele vive o mal que habita em seu corpo em cada ma de suas ações, afetando seus atos e as pessoas ao seu redor)?
Um dos méritos de enfocar o que o personagem está passando internamente durante um combate está diretamente em entrosar melhor o leitor, deixá-lo mais a vontade. É um recurso ótimo para fazê-lo imaginar melhor a cena, dar credibilidade a ela. Quem está acostumado a ver filmes de artes marciais, com torneios, desafios e confrontos, está acostumado a ver momentos de amizade, companheirismo, de dúvida em relação a convicções morais e dos objetivos envolvidos.
Outro mérito é citado na Parte II, "Um Palavra vale mais do que mil ações", já que a partir do momento em que você se concentra nos sentimentos dos personagens, o tempo de luta se torna altamente relativo e subjetivo, fazendo com que uma luta de cinco parágrafos tenha durado tempo o suficiente para escrever 5 páginas.
Mas o inverso também é verdadeiro
Parte IV: Um Movimento vale mais do que mil palavras
Mas assim como muita gente tem dificuldade em escrever uma cena de luta - e principalmente, não torná-la tediante, praticamente um momento do texto que os leitores terão que engolir e torcem para terminar logo - muitos tem dificuldade para enfocar o sentimento do personagem, a luta interior. Isso é normal, acontece, todos tem seus pontos fortes e suas limitações, da mesma forma que muitos querem partir logo para o "Mortal Kombat" sem perder tempo com frescuras como "amor, desilusão e suspense", enfocando objetivos mais simples e diretos como "A Terra está sendo ameaçada pelas forças do Mal e temos que enfrentar os invasores no Mortal Kombat!!!!!".
Em suma, menos Shoujo e mais Shonen.
Lutas silenciosas são muito comuns, especialmente para quem imagina a cena como um "Indiana Jones e a última cruzada", com um inimigo a cada sala para ser vencido, e nada mais. Não é uma questão de deixar o personagem vago, mas de dar um enfoque diferente ao enredo. Conseqüentemente, acabamos tendo lutas com um tempo de duração que variam do curto ao mediano, tendo o "chefão final" como uma grande luta de horas de duração. Textos assim são mais comuns entre quem está começando a escrever do que nas pessoas que já escrevem e querem tentar algo novo. E as complicações seguem a mesma lógica! Em muitos casos que vemos por ai, enquanto quem já escreve trata tal novidade com o maior mimo, medo e cuidado - praticamente um doce - os que estréiam com tal estilo tendem a serem pegos pelo mar da euforia e fazerem de tudo para a grande luta que querem descrever seja tão emocionante e empolgante quanto os filmes/desenhos/jogos que tem contato.
O chato disso é que nesses casos, a grande maioria acaba sendo pego pelo "efeito looping": "Manoel saltou e chutou Pedro, que se esquivou e bateu em Manoel, que foi atingido e revidou o golpe, mas Pedro não caiu pra trás e bateu em Manoel de novo, o qual ficou com raiva e partiu pra cima de Pedro, batendo muitas vezes nele na velocidade da luz, de tal forma que Pedro queimou seu Soma e mandou seu Ataque Devastador do Cruzeiro do Sul nele, mas Manoel elevou seu cosmo ao limite e usou o Golpe Assassino Giratório dos Otakus ensandecidos das Trevas dos infernos...".
E não se esqueçam de repetir a seqüência do texto acima umas 3 ou 4 vezes, para terem uma idéia melhor do que é esse "efeito looping". É o motivo de muitos evitarem cenas de luta, ou melhor dizendo, fics de obras(anime/mangá/jogos/filmes) de luta, já que o combate acaba se tornando meramente a repetição de uma das cenas da obra original, com a desvantagem da falta de imagens e sem a dinâmica necessária para prender o leitor.
Algumas sugestões de como evitar isso serão dadas mais a frente. Enfocamos as situações dentro de uma luta, os personagens envolvidos. Agora, vamos pular para outro ponto importante: tipos de luta.
Leia a cena de luta abaixo:
Antônio ainda estava sentado na mesa do bar quando recebeu o primeiro soco. Ele virou repentinamente e viu Ricardo em pé ao seu lado, chamando para uma briga. Antes mesmo de levantar, deu um chute na perna de Ricardo, fazendo com que seu oponente perdesse o equilíbrio e quase caísse.
Ricardo não demorou a desferir um outro golpe, desta vez abrindo um talho nos lábios de Antônio. O grandalhão, agora ferido, jogou seu corpo sobre Ricardo, que caiu batendo com a cabeça no chão e ficando desacordado. A luta estava encerrada.
O texto acima narra uma luta entre Antônio e Ricardo. Isto já é um problema, pois o ideal é mostrar e não narrar. Outro ponto que torna a cena fraca e desprovida de emoção é o fato de não existir um personagem com o ponto de vista (POV, vide "Como Estabelecer o Ponto de Vista", partes I e II). A cena é vista "de longe" pelo leitor, que não fica emocionalmente envolvido. Os nomes dos personagens são repetidos muitas vezes, o que também afasta o leitor da cena.
Agora vejamos a mesma cena escrita de forma diferente:
Antônio estava distraído, sentado, saboreando sua cerveja gelada quando sentiu um forte impacto atingir seu queixo. Levou alguns instantes para que percebesse o que acontecia. Tentando ignorar a dor que sentia, girou a perna por baixo da mesa e atingiu seu oponente, que cambaleou e quase caiu.
Na noite anterior, ele dormira em um motel, acompanhado da mulher de Ricardo que agora olhava para ele furiosamente. Gotas de suor desciam pelo rosto do marido traído e Antônio começou a sentir uma ponta de culpa.
- Seu safado! Vou acabar com você! - Gritou Ricardo, mantendo os olhos fixos em seu alvo.
- Deixa disso gente boa. Vai pra casa cuidar da sua esposa, - disse Antônio, enquanto se preparava para receber o próximo golpe.
Ele nunca havia saído com mulher de ninguém, pois sempre teve medo de estar em uma situação como a que se apresentava agora. Mas, Lindalva era irresistível e ele acabou seduzido pela moça.
O ataque seguinte foi tão rápido que, mesmo estando alerta, ele não conseguiu impedir que seu lábio inferior fosse atingido. O gosto de sangue veio logo a seguir e foi neste momento que decidiu acabar logo com aquilo, antes que coisa pior pudesse acontecer.
O infeliz, certamente, não estava preparado para o que ele faria a seguir. Antônio atirou-se em direção ao corpo de seu rival, fazendo com que os dois caíssem. A cabeça de Ricardo bateu no chão de ladrilho e ele ouviu um barulho abafado. A luta chegara ao fim. Ele apenas certificou-se que o pobre coitado ainda respirava e saiu, deixando sua cerveja pela metade.
- Lindalva nunca mais, - disse baixinho.
E então? Melhorou? O mais importante aqui é o fato de Antônio ter o ponto de vista e o leitor ver a cena através de seus olhos. A aproximação é total e o leitor entra na briga!
Ao escrever uma cena de luta, faça com que o leitor conheça o personagem que detém o ponto de vista. Mostre seus pensamentos, suas emoções e os motivos que o levaram a estar naquela situação. Isso irá gerar identificação com o personagem e trará mais vida para a cena. Este conceito vale para qualquer tipo de confronto, seja uma briga de bar ou um duelo com espadas.
Nos últimos capítulos de "Anjos e Demônios" de Dan Brown, existe uma cena de luta entre Langdon (o herói) e o "Assassin" (o vilão). O experiente escritor coloca o ponto de vista em Langdon e faz o leitor entrar na pele do herói. Os apuros vividos pelo personagem nesta cena deixam nossos nervos à flor da pele! Se você já leu o livro, volte nesta parte e identifique as técnicas usadas por Dan Brown. Se ainda não leu, eis um bom motivo!
textos chupados de:
http://news.thate.com.br/jrocha/site/index.jsp e
http://s7.invisionfree.com/umdb/index.php?showtopic=4551
Excelente texto! Parabéns! Vou usar as suas dicas! :D
ResponderExcluirBrilhante , muito obg pelas dicas .
ResponderExcluirFiquei com uma outra prespectiva , as coisas estão muito mais claras agora .
muito bom mesmo, grande diferença entre ambos os textos.Parabens!
ResponderExcluirAmei o texto! Amei as referências kkk Muito obrigada por disponibilizá-lo, certamente foi de grande ajuda.
ResponderExcluirMuito boas essas suas dicas, valeuu
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